26/02/10

ACTO

Nos braços do vento vou ao teu encontro
entro devagarinho pela janela,
dormes no teu leito e abeiro-me
de ti, meu amor.
Deito-me ao teu lado e percorro-te
finges dormir, mas sinto o bater
do teu coração, o pulsar do teu corpo,
ardendo de amor para me dar.
Aquieto-me e aconchego-me a ti.
Enfim, não resistimos e damo-nos
delicadamente e intensamente.
Deixamos que as emoções tomem conta de nós
que os nossos sentidos se apurem e absorvam
o amor que sentimos.
Deixemos que os nossos corpos se misturem
se extasiem, se tornem num só.

IDEAL

O Mundo é um jardim de pessoas estranhas e egoístas,
flores agrestes e amarguradas, sem vivacidade.
Na esquina da vida, encontra-se a surpresa e o fulgor,
flores perfumadas, aveludadas e coloridas.
O Mundo fica vivo e animado. As pessoas tornam-se boas,
sensíveis, bonitas, serenas. O Mundo fica belo, como o
Criador o imaginou, desenhou e criou.

DISPERSOS

Tenho saudades da sensação de carinho e aconchego,
de felicidade e paz, trocada pelas palavras doces e cristalinas.
Sinto o vento na face e vejo a gaivota a voar livre.
Livre como eu de sentir este amor etéreo, imortal, ingénuo,
Meu e Teu.
Saudades de ti e de mim, eternos amantes de palavras e dispersos.

VERSOS

Não são versos de amor estes que escrevo,
de um amor terreno, físico ou real.
São versos de um amor sôfrego e tranquilo,
inquietante e penetrante.

Não são poemas de amor estes que da minha alma
Nascem e crescem e morrem.
São palavras ditas, encontradas e dispersas.
Não são versos de amor presente e vivido, estes que escrevo,
São pétalas de flores que caem e atapetam a vida dos Imortais.

25/02/10

CHORO

Chora a noite, soluça, porque os amantes estão separados
ausentes e não se encontram porque o dia teima em não
o permitir. Injusto! Insano!
Choro nesta saudade e procuro-te na noite que nos juntou
onde nos amamos e sonhamos.
Vivo presa a esta saudade divina por ti.
Vivo diariamente a pensar que o amanhã que esperamos, chega hoje
Mas, pacientemente espero por ti,porque te encontrei.

REFLEXO

Olho o espelho. Revejo a menina de caracóis dourados
e olhar brincalhão. Passeio na memória da infância de
histórias de encantar e brincadeiras inocentes.

Olho o espelho. Reflecte a mulher-menina, segura, feliz.
Na sombra do meu reflexo, surges com o teu porte majestoso
e de olhar penetrante. Envolves-me em candura divinal.

Entro no espelho e contigo desfio a meada dos sentidos,
a alegria, a felicidade, o afecto e a volúpia.
Ficamos do outro lado do espelho, onde memorizamos cada
recanto nosso, enfeitiçamo -nos com este amor que nos une.

Saio do espelho e tu permaneces nele, porque és a outra parte de mim.
O meu poema de amor, a minha vida.

24/02/10

SAUDADE

Não sei dizer o que é a saudade!
É um rio sem foz que me alimenta
Todos os dias e que em seu leito deixa
À passagem, a ternura dos gestos de minha avó
A doçura do meu amor ausente.
É um sentimento? É um gesto? É uma sensação?
É tudo e não é nada.
Não se entende a saudade. A saudade sente-se como
Uma brisa outonal que nos percorre lentamente
Mas de quando em vez, é uma dolorosa dor
Porque fico deserta de ti, dos meus amores, da minha vida.
A saudade vive-se de forma intensa e leviana : desejando-a
Ansiando-a, amando-a, mas sofredora porque a saudade
Não se define ,sente-se no corpo, na alma.
O corpo arrepia-se ao recordar gestos e palavras passadas,
A minha alma , o meu ser, entristece-se ao pensar em ti,
Só tenho saudades de quem amo
Só tenho saudades de quem partiu
Tenho saudades dos perfumes da minha infância, da minha
Inocência, da minha cidade e do beijo que te dou em sonhos.

23/02/10

TENTAÇÃO

Oiço uma voz que me chama
Procuro pelo som quieto da noite e encontro-te
Pela brisa nocturna, calmo e sereno ,
Deitado em teu leito níveo.
Despes-me com teu olhar de safira.
Pelo chão espalhamos roupas de ternura.
Os gestos delicados com que agasalhamos
O nosso amor, encanta deus que nos une num amor etéreo.